Por Isabela Marques - A educação inclusiva é uma prática educacional que busca acolher as crianças com autismo, neurotípicas e neuroatípicas que possuem dificuldade na alfabetização, atingindo o desenvolvimento intelectual.
A função da educação inclusiva é tornar acessível todo conteúdo trabalhado em sala de aula. Geralmente essas crianças precisam de um apoio constante durante as aulas, seja através do material didático adaptado ou de professora ou professor de educação inclusiva que acompanhe a criança, além da(o) docente da sala de aula.
Esse acompanhamento é garantido por lei para crianças neurodivergentes, não apenas com TEA, mas com TDAH, dislexia, discalculia...que precisam de um suporte para aprenderem.
A presença da criança atípica no ambiente escolar
Toda criança é única, portanto, o processo de aprendizagem também é singular. Cada um aprende no seu tempo, porém quando o material é acessível e adaptado, e com uma equipe de docentes que oferecem o apoio constante, o processo de desenvolvimento da escrita, fala e aprendizagem torna-se muito mais linear. É importante fazer com que a criança sinta que pertence ao ambiente escolar. Exemplo:
- Incluir em atividades e brincadeiras
- Oferecer espaço para ser feita leitura em sala de aula
- Convidar a participar do momento de perguntas e respostas (oferecer para tirar dúvidas ou contar algo a respeito da atividade).
Essas ações precisam ser feitas de forma natural, sem ultrapassar os limites da criança. (...) Um momento para assistir e falar sobre um desenho favorito já é essencial para criar um senso de identificação.
Antes de aprender a escrever, é importante que a criança saiba se comunicar. Para que o processo de escrita seja eficaz, é preciso aproximar o (a) aluno (a) ao ato de utilizar lápis e papel. Ele (a) precisa se familiarizar com a ação, mesmo que no início não escreva uma letra por completo.
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Alguns passos comuns até chegar a escrever uma frase completa são:
- Primeiros rabiscos - o ato de pegar no lápis para riscar o papel oferece liberdade, estimula a criatividade e ainda promove o desenvolvimento motor fino, segurar na ponta do lápis exige esforço.
- Desenhos com formas - desenhar bolinhas, cobrinhas e riscos diversos remetem as letras do alfabeto.
- Escrever por cima do pontilhado - pedir para a criança pontilhar a vogal A promove familiarização com o alfabeto, que no futuro será apresentado com calma.
- Copiar o nome de algum personagem com o desenho ao lado - quando a criança reproduz o nome do personagem, mesmo sem saber o que significa, ela associa o que escreveu a imagem que vê. Em outro momento poderá recordar as linhas que formam esse nome que ela reproduziu.
Dessa forma, a criança desenvolve o processo de conhecimento das letras, além da fonética quando formam uma sílaba. (...) Além de transmitir o conhecimento, a professora ou professor precisa acolher não só a criança, mas o núcleo familiar que confia grande parte do dia a (ao) profissional de educação.
* Deixe a rotina clara - monte um quadro com as atividades do dia, isso evita momentos de comportamentos desafiadores e até ansiedades.
* Promova adaptação ao ambiente - convidar a criança a conhecer a sala de aula, o pátio e outros ambientes da escola é muito importante.
* Evitar ruídos - o espaço escolar pode ser barulhento. Perceba se isso afeta a sensibilidade da criança com TEA, caso aconteça, solicite aos pais para que providenciem um fone para abafar os ruídos.
* Entenda os interesses da criança - o aprendizado torna-se mais fluido quando a criança gera certa identificação com o assunto da aula. Sempre há um desenho que é sucesso entre o grupo e atividade voltadas ao tema estimulam a criatividade.
* Use recursos visuais - são ótimos aliados para uma sala que está em processo de alfabetização. Imagens podem compor o quadro de rotina ou ensinar o passo a passo de alguma outra atividade (até mesmo da vida diária).
* Ofereça materiais adaptados - um recurso que pode ser utilizado é o Plano Educacional Individualizado (PEI), que planeja metas dentro da proposta educacional e promove a inclusão de pessoas com autismo na escola.
* Promova a socialização - inclua atividades coletivas como: atividades e tarefas em grupo, jogos e brincadeira. A professora ou professor deve observar como a criança autista vai reagir ao estar em contato com algumas atividades, pode ser que uma específica a deixe mais ou a deixe menos confortável.
O projeto de Lei 3035/20 tem como propósito reforçar a importância das instituições de ensino oferecerem a educação inclusiva para crianças neurodivergentes. A proposta é tornar mais acessível a presença da professora ou professor com especialização em educação inclusiva para acompanhar as necessidades de cada aluno (a).
Entre os objetivos da política estão:
- Oferecer oportunidades educacionais adequadas; definir a atuação interdisciplinar; estabelecer padrão mínimo para formação acadêmica e continuada para profissionais e par a constituição de equipes multidisciplinares.
De acordo com a Agência Câmara de Notícias, o Projeto de Lei prevê que as escolas da educação básica deverão promover a adaptação do ambiente, levando em consideração, além do déficit de mobilidade, a realidade neurosensorial e o comportamento da criança, sem custos adicionais para os pais ou responsáveis.
- Brincadeiras para crianças atípicas
De acordo com o Blog Amigo Panda, há diversas maneiras de transformar os dias em uma experiência divertida com brincadeiras para crianças atípicas, sejam elas seus filhos (as), pacientes ou amigos (as).
- Pintura com os pés e as mãos - é uma forma incrível de expressão, permite que as crianças expressem sua criatividade de maneira única.
- Brincadeiras musicais - a música, além de estimular o desenvolvimento auditivo, promove coordenação motora e a expressão criativa.
- Brincadeiras ao ar livre - leve as crianças para um passeio no parque ou jardim local, onde possam explorar a natureza. Incentive-as a observar pássaros, coletar folhas e pedras de diversos formatos e até mesmo observar insetos.
- Jogo de imitação - crie cenários e situações que permitam que as crianças assumam diferentes papéis: médicos, chefes de cozinha, astronautas, professores... isso ajuda a entender diferentes perspectivas e a praticar habilidades sociais.
- Brinquedos sensoriais - aqueles que estimulam os sentidos, que fazem barulho, texturas variadas, emitem luzes, cores...
Cada criança é única e suas preferências e necessidades variam. adapte as atividades com a criança de acordo com o que funciona melhor para cada ocasião. O importante é promover um ambiente inclusivo e acolhedor, onde a criança possa se sentir amada, valorizada e segura.